quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Hino à Noite :






Vou cantar a mãe dos deuses e dos homens,
a noite origem de tudo, a quem também chamamos Cípris.
Escuta-me, ó deusa bem-aventurada, dum azul cintilante,
brilhante de estrelas, que rejubilas com a paz
e a tranquilidade do sono profundo,
ó felicidade, ó encantamento, ó veladora noturna,
mãe dos sonhos, que dissipas os cuidados, tu que trazes
o doce repouso das fadigas, que prodigalizas o sono,
amiga de todos, que conduzes os cnha voz suplicante,
possas tu, benévola, expulsar os terrores
que brilham nas trevas.

estrela noturna, ó inacabada,
alternância da terra e do céu, ó arredondada,
que danças com as perseguições através dos ares,
tu que expulsas a luz das regiões infernais
e foges de novo para o Hades. A terrível
necessidade tudo governa. Ó bem-aventurada Noite,
noite felicíssima, desejada por todos,
ó bem-vinda, ao escuta-me agora

terça-feira, 1 de maio de 2012

Dioniso e a poética estrada de ilusões ...












Os gregos antigos, segundo Nietzsche, foram os primeiros a reconhecer que a sobrevivência humana depende do mito e da poesia . Face ao absurdo da existência, à multiplicação exponencial do sofrimento e da necessidade, diante da consciência da aniquilação iminente, era preciso aos mortais um tempo, projetado adiante, que compreendesse o passado, o presente e o futuro, no qual a eternidade assegurasse de algum modo os sentidos possíveis da existência. A idéia é que os poetas, ouvindo a voz das musas que ressoava no seu interior, eram seres capazes de decifrá-los. Os mitos, que cercavam o mundo dos deuses e heróis, constituíam assim formas de organizar e compreender o universo, maneiras de encaminhar as questões humanas de sempre, respondidas através de histórias cujo sentido, sempre aberto, podia ser interpretado de diferentes maneiras e em diversos níveis de profundidade. E como o universo, para eles, encerrava mistérios que ultrapassavam a capacidade humana de entendimento, os atalhos do absurdo sagrado não podiam ser percorridos por meio da razão, apenas pela poesia. Esse aspecto indecifrável do cosmos é representado pelo deus Dioniso.

Ignorantes do futuro e submersos no presente, temos até hoje que adivinhar indícios de sentido nas entranhas do passado. Hoje, talvez, não podemos fazer uma idéia completa de Dioniso, temos só um Dioniso despedaçado, como diz Nietzsche, porque o passado só nos chega aos fragmentos. Vernant chama atenção para a característica polútropos de Dioniso, termo grego que pode ser traduzido como “multifacetado”. Trata-se de um deus estranho, contraditório – os gregos acreditavam que ele fosse a essência da alteridade.

Dioniso era um deus ímpar, em nada parecido com outros deuses, e não é por acaso que Jean Pierre Vernant o chama de o deus do outro. No mundo grego, onde as divindades se movimentavam dentro de certa ordem que compunha o cosmos, existia um deus, que não era certamente o deus da desordem ou do caos, mas um deus do outro lugar. O culto de Dioniso, vindo da Frigia, através da Trácia, a partir do século VIII a.C., se alastrou como uma epidemia pelas cidades gregas, apesar da forte oposição da aristocracia. Mesmo em épocas mais próximas de nós, no tempo helenístico, as estradas que procediam de Atenas continuavam a ser percorridas pelo thíasos, cortejo de mulheres atenienses que a pé, sob a neve, (pois Dioniso é um deus invernal) em delírio extático, dirigiam-se ao templo de Dioniso em Delfos, a própria sede do culto de Apolo.

Era um deus que nascera da união de Zeus com uma mortal e que – à semelhança do Deus cristão – caminhava no meio dos homens, dividindo-os entre os que rejeitavam seu caráter sobrenatural e aqueles que se a ele se convertiam imediatamente. Dioniso separava os homens das mulheres - sua divindade se fazia entender pela música; e muitas vezes apenas os seres marginais da sociedade grega, estrangeiros, escravos e mulheres eram capazes de entendê-la. Fato compreensível – como hoje, para muitas pessoas do mundo antigo a música constituiu a única coisa capaz de tornar o cotidiano suportável.

As bacantes eram assim sempre mulheres. Os homens gregos da época, que buscavam saber o que as mulheres faziam nos cultos dionisíacos no meio das florestas, conforme se lê em As Bacantes, de Eurípides, supunham que elas iam se entregar a “bacanais”, a rituais ligados à sexualidade. Contudo, essa era a interpretação masculina. Isto é, os homens gregos não podiam conceber que as mulheres pudessem ter acesso à transcendência e ao contato direto com o divino; o êxtase feminino era reduzido ao orgasmo. Significativamente, para os gregos, seguir Dioniso era ser tomado pelo entusiasmo, isto é, ser habitado pelo deus, ter o “deus dentro de si”. E, para os gregos, que cultuavam valores apolíneos da justa medida, do equilíbrio, do conhecimento de si e do autodomínio, esse tipo de entusiasmo era considerado uma espécie de loucura.

Decerto, havia no Olimpo outras formas de conceber a loucura – o deus Ares, por exemplo, exprimia a demência da brutalidade e da estupidez da guerra, a insânia que se apossa do guerreiro induzindo-o ao massacre e à crueldade. Afrodite, ao lado daquilo que há de luminoso no amor, manifestava também um lado obscuro: o ódio provocado pelo amor não correspondido, o ciúmes assassino, o desatino da paixão cega.

Em contrapartida, no delírio religioso dionisíaco, a loucura assumia outra forma. Ao contrário dos outros deuses, aos quais os gregos prestavam piedade ritual, fazendo libações e sacrifícios, indo em procissões até seus templos, em dias regulares do ano, Dionísio cavalgava seus fiéis, habitava a pessoa, levava ao transe, à dança e à alegria. Era um deus errante, irrequieto, vagabundo, que chegava sem avisar, que não tinha destino certo e nem hora de partir. Num certo sentido, representava um pharmakós – ao mesmo tempo representava a loucura e ensinava a curá-la. Tanto era capaz de enlouquecer seus inimigos, como indicava aos seus seguidores a forma de saná-la - aceitando-a, transformando a loucura num grau mais elevado de lucidez, através da arte.

É nesse sentido que Vernant sublinha a existência de traços da mitologia hindu na legenda de Dioniso – segundo um de seus mitos, Dioniso teria habitado a Índia. Pois Dioniso representa a idéia de “maya” no duplo sentido de ser véu de ilusão que recobre a realidade, como no sentido de “maya” significar o acesso a uma outra realidade, mais verdadeira do que essa, que demonstra ser a realidade compartilhada entre os homens uma forma refinada de ilusão.

Trata-se então de um deus alucinatório. As bacantes, no seu êxtase, vivem num mundo feito de felicidade, de bem-aventurança, onde os animais selvagens se reconciliam com os homens; onde o leite, o vinho e o mel jorram da terra, mundo que oscila entre imaginação e realidade. A palavra “mênades”, nome dado às sacerdotisas de Dioniso, remete à palavra “mania” - possuídas pelo deus, o seu delírio, no mais das vezes pacífico, podia, no entanto, se tornar sanguinário. Dioniso é também um deus selvagem e vingativo, as bacantes trucidam seus inimigos, despedaçando-os.

Mas Dioniso é um deus que, simultaneamente, cura a loucura do mundo mediante seu lado civilizador, pois é o deus que patrocina o banquete e preside o teatro. É ele quem arrebata os homens da vida cotidiana, que conduz à festa, que lhes ensina a ir além do tédio e do bom senso. No banquete, produz o kômos, porque é o deus do vinho. O kômos, o cortejo de mascarados que se segue ao banquete, é também um estado da alma proporcionado pelo vinho; não exatamente a embriaguez, mas um estado de espírito, um tanto exaltado, que facilita o convívio, desata a palavra, anima a conversa e reúne os homens. Esse estado de espírito é que permite ver o que permanece ao lado, fazendo com que o real ganhe um aspecto do não familiar, que se aperceba do inusitado, daquilo que é entrevisto, daquilo que permanece à margem de nossa percepção cotidiana.

É o deus da invenção do teatro, o criador da mímesis, da ilusão do teatro, da outra realidade que constitui a cena teatral. Simboliza, no teatro, a relação dos homens com o movimento, pois sua possessão compele à música, à dança, à pantomima, à criação da realidade cênica, espaço concomitantemente sagrado e político. Dioniso impele à transformação, conduz aos impasses, à obscuridade da mutação do sujeito, à dimensão misteriosa do existir.





Fonte: www.paideuma.net/textomariacecilia.doc

sábado, 28 de abril de 2012

Hinos a Dioniso. Pater Liber !!!






















Hino Homérico VII - A Dioniso



De Dionísio, o glorioso rebento da augusta Semele,
Lembrarei, como à ourela do mar infecundo surgiu,
Sobre um cabo saliente, na forma de um jovem varão
Inda imberbe, os seus belos e negros cabelos flutuando,
e portando nos ombros robustos um pálio de cor
Purpurina. Eis que logo num bem cobertado navio
Salteadores tirrenos surgiram do mar cor de vinho
Por madrasta fortuna impelido, e, ao verem-no, pronto
Entre si consentiram, e logo a prendê-lo avançaram,
E em seguida ao navio levaram-no, as mentes alegres
Confiavam-no filho de reis procedentes de Zeus,
E em cadeias possantes atá-lo quiseram por força.
Todavia as cadeias o não seguravam, e os elos
De seus pés e mãos se soltavam, enquanto, sentado
Com seus olhos noturnos se ria. O piloto, entendendo,
Conclamou logo os seus companheiros e disse o seguinte:
"Infelizes, que deus poderoso domar e prender
Pretendeis? Mesmo o nosso navio o não pode levar,
Pois sem dúvida é Zeus, ou Apolo das flechas de prata
Ou talvez Posêidon, já que aos homens mortais não parece,
Mas aos deuses que habitam na ampla morada do Olimpo.
Apressai-vos! Deixemo-lo em terra, na praia sombria,
Desde já nem co'as mãos o toquei, p'ra que não, irritado,
Fortes ventos excite e abundantes terríveis borrascas".
Assim disse, e o cruel capitão retrucou-lhe o seguinte>
"Infeliz, olha o vento e o velame da nave desferra,
Tendo as armas colhido, que deste os demais cuidarão
Pois espero que chegue ao Egito, ou que a Chipre ele chegue,
Ou país hiperbóreo, ou além; e que ao fim da jornada
Seus amigos nos diga e nos conte seus todos haveres,
Seus irmãos, pois é certo que um deus aqui no-lo entregou"
Disse, e o mastro fincou e o velame largou do navio,
E no bojo da vela sopraram os ventos. Em torno,
Dispuseram as armas. Mas logo surgiram prodígios...
Vinho doce e odorante, primeiro, jorrava da nave
E fluía fragrante e sonoro exalando um perfume
Imortal! Grande horror assaltou os marujos ao verem.
De repente, no topo do mastro alastrou-se uma vinha
Carregada de cachos, crescendo por todos os lados,
E do mastro ao redor enroscou-se uma hera noturna,
Toda em flores virente onde frutos ridentes pendiam;
As cavilhas cingiam coroas. Tal vendo, os marujos
Ao piloto premiam que a nau para a terra ligeiro
Dirigisse. Mas, dentro, em leão se tornou Dionísio
Que terrível por sobre o convés grandes urros lançava.
Já uma ursa felpuda no meio criou, prodigioso,
Que se alçou furibunda. O leão, no mais alto da ponte,
Fulminantes olhares lançava. Pra popa fugiram
E ao redor do piloto, que espírito calmo mantinha,
Se agruparam turbados. Mas subíto o leão atacou
O cabeça. Os demais, vendo aquilo, ao mal fado escapando,
Todos juntos se às águas do mar atiraram divino
E viraram golfinhos. Doeu-se porém do piloto,
E o reteve. fazendo-o feliz, o seguinte lhe disse:
"Nada temas, Hecátor, que ao meu coração és querido.
Sou Dionísio multíssono, aquele que foi concebido
Por Sêmele cadméia depois de por Zeus ser amada".
Salve filho de olhos formosos, Sêmele. É impossível,
Esquecendo de ti, se compor um cantar harmonioso.




Hino Homérico VII - A Dioniso





Em volta de Dioniso, de Sêmele magnissigne o filho
lembrar-me-ei como luziu na praia do sal infatigável
sobre o quebra-mar na imagem de jovem homem
no primeiro viço e bela circunvolvia a cabeleira
sombria e manto sobre fortes ombros ele tinha
purpúreo e rápido da nau de bons bancos homens
piratas adiantaram-se velozes sobre o víneo mar,
eram tirsenos, levou-os maligno lote, quando o viram,
acenaram entre si, rápido saltaram, de súbito agarraram,
puseram-no em sua nau, jubilosos em seu coração.
parecia-lhes ser filho dos nutridos por Zeus reis
e assim quiseram prendê-lo com cadeias dolorosas
e não o seguravam cadeias, vimes de longe caíam
das mãos e dos pés, ele com doce sorriso contemplava
com olhos sombrios, mas o piloto, quando o notou,
já aos seus companheiros conclamou e assim falou:
- Numinosos, a que Deus aqui agarrastes e prendestes
poderoso? Nem pode o navio vos levar benéfico
pois ou Zeus é este, ou o de argênteo arco Apolo,
ou Poseidáon, porque não aos mortais homens
é símil, mas aos Deuses que têm o palácio Olímpio.
Eia! deixemo-lo sobre a firme terra negra
já e não lanceis mão sobre ele que não por cólera
suscite sobre nós dolorosos ventos e múltiplo tufão.
Assim falou e o chefe disse em hedionda palavra:
- Numinoso, vê o vento e iça as velas do navio,
tomadas todas as armas, isto aliás é para homens,
pretendo partir ou para o Egito ou para Chipre,
ou para os Hiperbóreos, ou para mais longe e por fim
dirá um dia amigos dele e todos os seus bens
e seus irmãos, quando o lançou em nós o Nume.
Assim disse e vela e vela içaram-se do navio,
soprou o vento o meio da vela e em volta as armas
retesaram-se e logo luziram-lhes mirados atos:
vinho primeiro através do veloz navio negro
suavipotável soniflui bem olente e erguia-se odor
imortal e a miração pegou a todos os nautas ao virem
e já no ápice da vela estendeu-se toda
a videira aqui e ali e suspendiam-se muitos
cachos e em volta da vela enrolou-se a negra hera
luxuriosa de flores e gracioso o fruto sobre-ergueu-se
e todas as cavilhas tinham coroas e quando viram
o navio já então doravante mandavam o piloto
levar para a terra e ele leão se lhes fez no navio
terrível sobre a proa e grandibramia e no meio deles
ursa ele fez do pescoço veloso ao luzir os sinais
e ela estacou-se ardente e leão sobre o alto banco
terrível suspicaz olhante e para a popa fugiram
e em volta do piloto que prudente espiríto tinha
estacaram-se aturdidos, ele rápido ergueu-se
e agarrou o chefe e para fora ao evitarem a má parte
todos à uma pularam, quando viram, no sal divino
e golfinhos nasceram, mas do piloto teve piedade
e deteve-se e fê-lo ser todo feliz e disse palavra:
- Coragem!, divino guia, grato ao meu ânimo,
sou eu Dioniso magnifremente que gerou mãe
Cadméia Sêmele de Zeus em amor desposada.
- Saudações, filho de Sêmele formosa, nem há como
de ti esquecido com doçura mundificar-se o cantar.





Hino Homérico XXVI - A Dioniso





Hederícrine Dioniso magnifremente começo a cantar
de Zeus e de Sêmele magnissigne o esplêndido filho
que nutriam as Ninfas de belos cabelos que do Rei Pai
acolheram-no em seus seios e cuidadosas criavam
nos vales do Jovem e ele cresceu por vontade do Pai
em bem olente gruta conumerário entre os imortais
e quando as Deusas o nutriram multi-hineado
então pervagava através de arborosas moradas
na hera e na laurácea condensado. Elas seguem juntas
Ninfas, ele as guia e fremente tem a inefável selva.
Tu, assim te saudamos, ó multicacheado Dioniso,
dá-nos por te saudarmos, às Sazões outra vez virmos
e das Sazões outra vez nos múltiplos círculos.





Hino Homérico XXVI - A Dionísio






Começo a cantar ao Dionísio coroado de hera, o deus do alto grito, esplêndido filho de Zeus e da gloriosa Semele. As ninfas de longos cabelos o receberam em seus âmagos do senhor seu pai e o criaram e o nutriram cuidadosamente no pequeno vale isolado de Nysa, onde pelo desejo de seu pai ele cresceu em uma caverna de doce aroma, sendo considerado e estimado entre os imortais. Mas quando as deusas os trouxeram para cima, um deus freqüentemente homenageado, então ele começou a perambular continuamente entre os vales cobertos de árvores, densamente coroado de hera e louro. E as Ninfas seguiram atrás dele,com ele,como o líder delas, e a ilimitada floresta foi preenchida com os gritos deles. E então te saúdo, Dionísio, deus das abundantes aglomerações! Conceda que possamos vir novamente nos regozijar com esta estação, e com todas as estações adiante por mais um ano.

Dizem: ou em Drakano, ou em Icário plena de ventos,
Ou em Naxos, touro Deus, prole de Zeus,
ou no rio Alfeu de fundos remoinhos
[que prenhe Sêmele deu-te a luz para Zeus jubiloso do raio].
Outros, senhor, dizem que em Tebas nasceste,
Mas estão mentindo: engendrou-te o pai dos homens e Deuses
muito além da humanidade, ocultando-se de bracinívea Hera.
Há uma Nisa, monte súpero, flóreo silvado,
Longe da Fenícia, quase nas correntes do Egito;
Lá os homens de fala articulada não cruzam com naus;
Pois não lhes há porto, veículos navais a vaguear;
Mas pedra precipite contorna a tudo,
alcantilada; belas coisas deleitosas viçam, muitas
ocupa fundo longe das ondas de muitos.Com a mão,amáveis pastagens sob seus próprios cachos de uva negra orgulhoso.




Peã a Dioniso de Filodamo de Escarféia





[I]....ó Ditirambo,Baco, deus do êxtase, touro com uma guirlanda de hera nos cabelos,
Bramador,vem para cá nessa sagrada estação da primavera-evoé,ó iô Baco,ó iê Peã!-,
a quem um dia na extática Tebas Tiona do belo filho deu à luz, sendo Zeus o pai.Todos
os imortais puseram-se a dançar, todos os mortais em júbilo pelo teu nascimento,ó Baco.
- Iê Peã, vem Salvador, protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna.




[II] Naquele dia a terra de Cadmo saltava feitos bacante, e o vale dos Mínios também e a
fértil Eubéia – evoé,ó iô Baco,ó iê Peã !-. Pejada de hinos, toda a sagrada e abençoada
região de Delfos dançava , enquanto tu, tu revelaste o teu corpo estrelado,tomando
posição nos penhascos do Parnaso na companhia das donzelas de Delfos.- Iê Peã, vem
Salvador ,protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna.
[III] Brandindo a tocha nas tuas mãos- luz na escuridão da noite-, tu chegaste em teu
entusiasmo aos recantos de Elêusis cobertos de flores- ,evoé,ó iô Baco, ó iê Peã!, onde
toda a nação da terra grega, em volta das testemunhas nativas dos mistérios sagrados,
invoca-te como Íaco : tu abriste aos mortais um porto contra os males, livre de pesares.
Iê Peã , vem salvador , protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna.




[IV] ... e com coros... – Iê Peã, vem Salvador , protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna .
[V] Daquela terra abençoada tu aportaste nas cidades da Tessália, nos recintos sagrados do olimpo e na famosa Piéria – evoé,ó iô Baco, ó iê Peã !-, e as Musas, coroando-se de
Pronto com hera cantaram e dançaram todas em círculo para tua honra, proclamando-te imortal para sempre e famoso Peã, e quem liderava a dança era Apolo.- Iê Peã, vem
Salvador, protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna.




[VI]........
[VII]........




[VIII]...- Iê Peã, vem Salvador, protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna.
[IX] O deus ordena aos anfitriões executarem a ação com rapidez, para que o deus que
atira longe contenha a sua ira – evoé, ó iô Baco, ó iê Peã ! – e apresentarem esse hino para o sagrado rebento fraterno por ocasião do banquete anual dos deuses, e fazerem um sacrifício público quando das súplicas pan-helênicas da abençoada Hélade.
Iê Peã, vem Salvador, protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna.




[X] Oh, feliz a afortunada a geração daqueles mortais que constrói ao senhor Apolo um
templo que não envelhece, que não se corrompe, um templo – evoé,ó iô Baco, ó iê Peã !
de ouro com estátuas de ouro [onde] as deusas rodeiam [Peã], o seu cabelo luzente com
marfim , adornado com uma guirlanda nativa.- Iê Peã, vem Salvador, protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna.


[XI] Aos organizadores do quadrienal festival pítico , o deus deu ordem de instaurar em
honra de Baco um sacrifício e uma competição de vários coros circulares (= ditirambos ) – evoé, ó iô Baco , ó iê Peã !- e de erigir uma formosa estátua de Baco igual aos raios do sol nascente, sobre uma carruagem puxada por leões dourados, e de fornecer uma gruta conveniente ao santo deus. – Iê Peã, vem Salvador , protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna.



[XII] Pois bem, acolhei Dioniso, deus das bacantes, e clamai por ele nas vossas ruas com coros coroados de hera: - evoé, ó iô Baco ,ó iê Peã ! -. Por toda a abençoada Hélade.
Salve senhor da Saúde! – Iê Peã!, vem Salvador, protege de bom grado essa cidade com próspera fortuna.
(Este Peã de Filodamo, dedicado a Dioniso, foi composto para a inauguração do sexto templo em Delfos - 340/339 AEC - e destinava-se à apresentação no festival da Teoxenia durante a primavera.




Hino Órfico 30, a Dionísio:


Eu clamo ao estrondoso e festivo Dionísio,
primordial, de duas naturezas, duas vezes nascido, senhor Báquico,
selvagem, inefável, secretivo, de chifre duplo, de duas formas.
Coberto de hera, com rosto de touro, bélico, uivante, puro,
tu tomas a carne crua, tu tens festivais trienais,
envolto em folhagem, protegido por cachos de uvas.
Eubouleus de muitos recursos, deus imortal gerado por Zeus
quando este se uniu a Perséfone em união inenarrável.
Escuta atentamente à minha voz, ó abençoado,
e com tuas amas vestidas de beleza
sopra em mim um espírito de perfeita gentileza.



Hino Órfico 45, a Dionísio, Bassareus e Trienal:


Vem, abençoado Dionísio, deus do rosto de touro, concebido no fogo,
Bassareus e Baco, mestre de tudo, de muitos nomes.
Tu te delicias em espadas sangrentas e nas sagradas mênades,
Enquanto urras através do Olimpo, Ó ruidoso e frenético Baco.
Armado com o tirso e em extrema fúria, és honrado
Por todos os deuses e todos os homens que habitam a terra.
Vem, abençoado e saltitante deus, e traga alegria a todos.




Hino Órfico 46, a Dionísio Liknitus - com fumigação de maná



Eu invoco Dionísio Liknitus, Portador da Vinha, para abençoar estes ritos sagrados.
Florido, brilhante florescência das Ninfas, e da bela Afrodite, Deusa do Amor,
Com pés levemente saltitantes, liderando as mênades na furiosa dança entre os bosques,
Filho de Perséfone, temido por todos os Deuses,
Venha, Dionísio Liknitus, e atenda às preces de seus suplicantes,
Abençoado Deus do Abandono, venha se rejubilar com estes ritos.




Hino Órfico 46, a Dionísio Likinites, com fumigação de maná:



Eu invoco a estas preces Dionísio Liknites, nascido em Nisa,
Florescente, amado e gentil Baco,
Cuidado pelas ninfas e pela Afrodite de bela guirlanda.
A floresta já sentiu teus pés moverem-se na dança,
Como o frenezi te conduziu às graciosas ninfas,
E os desígnios de Zeus trouxeram-te à nobre Perséfone,
Que te criou para ser amado pelos deuses imortais.
Vem, ó abençoado, de coração gentil, e aceite o presente deste sacrifício.



Hino Órfico 47 a Perikionios, com incenso de ervas aromáticas:


Eu chamo a Baco Perikionios, doador do vinho,
Que envolveu toda a casa de Cadmo e, com seu poder,
Verificou e acalmou a pesada terra quando o raio luziu
E a furiosa ventania todos os campos sacudiu.
Então os laços de todos se soltaram livres.
Abençoado folião, venha com um jubiloso coração.



Hino Órfico 50, a Lusios Linaios - Dionísio



Ouça-me, Filho de Duas Mães, Abençoado Dionísio, Deus do Vinho,
Lísio, Baco do Evoé, de Muitos Nomes, Secreto e Sagrado, fértil e nutridor,
Que traz a centelha de vida e faz os frutos florescerem e crescerem,
Ressonante, Poder Magnânimo, Deus Multiforme da Saúde, Flor Sagrada,
Os mortais encontram repouso do trabalho na Tua mágica, e tu és desejado por todos.
Belo, Brômio, Jubiloso Deus que carrega o bastão trançado de vinha,
Inclina-te a estes ritos, seja favorecendo Deuses ou mortais,
Esteja presente e escute quando seus místicos oram,
E venha se rejubilar, trazendo frutos abundantes.




Hino Órfico 50, a Lusios Lenaios:



Ouça, ó abençoado filho de Zeus e de duas mães,
Baco da vinha, inesquecível semente, espírito redentor de muitos nomes,
Prole sagrada dos deuses, nascido em segredo, festeiro Baco,
Doador abundante das muitas alegrias de frutos que crescem profícuos.
Deus poderoso e de muitas formas, da terra irrompes para alcançar a vinha,
E nela te tornas um remédio às dores humanas, ó sagrado florescer!
Uma alegria que odeia a tristeza és para os mortais, ó Epaphian de amáveis cabelos,
És um redentor e um folião, cujo tirso conduz ao frenezi,
E que tem um coração amável com todos, deuses e mortais, que vêem tua luz.
Eu te chamo a vir agora, ó doce portador de frutos.



Hino Órfico 52, ao Deus do Banquete Trienal, com incenso de ervas aromáticas:



Eu te chamo, abençoado, de muitos nomes e frenético Baco,
De chifres de touro, redentor de Nísia, deus da vinha, concebido em fogo.
Criado na coxa, Ó Senhor do Berço,
Tu que guias procissões à luz da tocha, Ó Eubouleus, sacudidor do adornado tirso.
Tríplice é tua natureza e inefáveis são teus ritos, ó secreta prole de Zeus.
Primordial, Erikepaios, pai e filho de deuses,
Tu tomas a carne crua, e, com teu cetro, conduzes à loucura da folia e da dança
No frenezi dos festivais trienais que nos concedes calmamente.
Tu irrompes da terra em uma chama... Ó filho de duas mães,
E, usando chifres e vestindo pele de corço, tu perambulas pelas montanhas,
Ó senhor cultuado em banquetes anuais.
Peã da lança dourada, lactente, coberto de uvas,
Bassaros, exultante em hera, seguido de muitas donzelas...
Jubiloso e todo-abundante, vem, Ó abençoado, aos iniciados.



Hino Órfico 53, ao Deus do Banquete Anual, com incenso de todas as coisas que não sejam olíbano, e com uma libação de leite também:



Eu chamo o Baco que cultuamos anualmente, o ctônico Dionísio,
O qual, junto com as ninfas de belas madeixas, é despertado.
Nos sagrados salões de Perséfone ele descansa,
E põe em um sono puro o tempo báquico, a cada terceiro ano.
Quando ele próprio agita-se na trienal folia novamente, ele canta um hino,
Acompanhado por suas amas de belas cintas,
E, enquanto giram as estações, ele faz adormecer e acordar os anos.
Mas, Ó Baco abençoado e doador-de-frutos, Ó espírito cornífero do fruto imaturo,
Vem a este rito mais sagrado com o brilho da alegria em tua face,
Vem, todo abundante em um fruto que é sagrado e perfeito...